domingo, 23 de novembro de 2014

Reação ou reacionário

Não sabia se entrava ou observava, apenas. Entrar na água, eu digo. Na fonte, na bagunça. Se ria de quem aproveitava ou de quem passava, sem parar. "Estranho as amarras que criamos para nós mesmos", pensou. De pé, próximo ao meio fio, catatônico, fitava aquela dúzia de gente espalhafatosa que fazia da praça mais movimentada uma praia. "Mas afinal, é ou não é pública?". Uma gota de suor escorria gelada por debaixo do terno quente. Sabia que era o tipo de movimento que jornais não davam bola; artistas sim. E sempre achou tudo tão bonito nas exposições. O eclético, fora do comum, chocante. Fotos retrôs: vestidos de bolinha velhos num alpendre velho na parte velha da cidade. No tempo de arranha-céus. E estavam ali, diante de seus olhos, felizes; tirando fotos pruma exposição particular em suas mentes artísticas. Ainda parado sentiu um solavanco inesperado. Alguém que também observava-os perdeu a direção e o trouxe de volta. Pegou a mala que tinha deixado no chão e ensaiou a partida. Quando voltou os olhos para uma última vez, cruzou os olhos com uma ruiva de biquíni colorido, óculos-de-sol quadrados e flores no cabelo. Séria, esperando que se aproximasse. Mas se foi. De volta ao escritório. Onde ficou de pés descalços. "Talvez um dia..."

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