quarta-feira, 6 de agosto de 2014

O fim, o início e o meio

Então eu disse a Jesse, ou melhor, repeti, uma
coisa que tinha aprendido na universidade:
que a segunda vez que você vê uma coisa é na
verdade a primeira vez. Você precisa saber como a
coisa termina antes de poder apreciar sua beleza
desde o início.”

O clube do Filme, p 50 – David Gilmour


O primeiro olhar; a apresentação através de um conhecido; a abordagem em uma social qualquer. O momento em que dois mundos se encontram é sempre icônico. Pode acontecer de forma mecânica ou até mesmo da pior maneira possível, mas tem sempre um significado peculiar quando relembrado em momentos posteriores. E só em momentos posteriores. É como dizer que não se pode ater a todos os detalhes de uma estrada enquanto motorista. Mas ao refazer o mesmo percurso a pé, o caminho se esclarece e os detalhes aparecem.

Tem-se como certo que o encontro de dois personagens principais de uma história nunca será criado ao acaso. Pois tem um valor intrínseco ao ato, maior que qualquer ouvinte possa imaginar à primeira vista. Roteiristas, romancistas e escritores em geral são quase que obrigados a fazer deste acontecimento algo que dará um rumo ao resto da trama. Há de ser construído, a fim de imitar a grande pluralidade que é a vida real. Fora do mundo imaginário, cada ato tem, por si só, uma carga entrelaçada às emoções e intenções. Se prestarmos atenção, o olhar, tão valorizado (às vezes até disfarçado), sempre di mais do que realmente quer. Significados que só decifraremos por completo em uma conversa sincera sobre o ocorrido; sentimentos à mesa. Para entender toda a espontaneidade envolvida deve-se retomar às expectativas individuais das partes.
Dá-se da mesma forma com a continuação. Se os fins justificam os meios, é depois do fim que as resenhas serão escritas. Poderemos, então, ver a real história pela primeira vez.Os fins, muitas vezes, justificam até mesmo os pontos de partida, tão importantes quanto. Ainda que mistérios sempre existam, o máximo de clareza é alcançado a partir desse ponto.

Até mesmo assistir a um filme pela segunda vez é justificável, ao ponto que a história é contada da mesma forma, mas entendida de forma diferente. Devemos nos acostumar com a ideia de sermos, ao mesmo tempo, atores, diretores, escritores e críticos de uma história pautada por capítulos. Destrinchá-los é a verdadeira questão. Um dever a ser cumprido mais dia menos dia. E se a terra há de nos comer, que sirvamos de um prato cheio, balanceado; Acabado.




05-08-14

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