sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Eu fui sincera como não se pode ser


                Tem coisa mais chata que homem educado? Aquele que abre a porta carro, puxa a cadeira do restaurante, pergunta como foi seu dia, manda mensagens diárias com bom humor e malícia em doses homeopáticas, te elogia sem ser piegas e tudo isso mesmo depois de meses de convivência? Pode até ser que tenha algo mais chato, mas esse tipo de homem ainda ganha.

                Ganham nossos sorrisos, admiração, respeito, sentimentos, corpo, pacote completo. Se surge um exemplar desse você vai segurar o que minha filha?! Tentamos no máximo segurar o boy, ainda que seja o cúmulo do egoísmo ter tudo isso só pra nós. Então dividimos.
                Compartilhamos sorrisos, boas histórias e tentamos retribuir metade da simpatia que recebemos. Só que chega um dia em que nos julgamos não merecedoras de tamanho combo de alegria: começamos a suspeitar da cerveja com os amigos, do futebol, da gripe repentina no sábado à noite cancelando um encontro e então, travamos.
                Seria cômico se não fosse real e, infelizmente, não houvesse tantos registros assim por aí. No início nos encantamos, retribuímos, compartilhamos. Depois, num súbito deslize da autoestima, estamos duvidando, desacreditando, querendo colocar o tal amor à prova. Quanta chatice!
                Uma cerveja pode ser só uma cerveja com amigos, assim como pode não ser; mas quem vai fiscalizar? Deixa o moço beber, as moças passarem, os amigos olharem e ele fingir que não olhou. Pare de imaginar o que pode estar acontecendo e deixe que as coisas sigam o seu curso normal. Não há como evitar, mas sempre podemos tirar proveito dessas situações.
                Aproveite e tire uma folga pra rever as amigas também. Revisitar o salão, um tempo pra você se cuidar, relaxar, fazer tudo ou absolutamente nada. Ocupe a cabeça com pensamentos racionais e não suposições. Li uma vez que “somos todos culpados se quisermos, somos todos felizes se deixarmos”. Então deixa – a neura, o pessimismo, a baixa estima, o moço – pra lá. “Pior” do que homem educado é mulher segura, bem humorada, desmemoriada e com celular fora do alcance. Não adianta a gente ficar sentado se preocupando. O que tiver que ser será, e nós enfrentaremos quando vier. Enquanto isso, é permitido sorrir, se divertir e aproveitar pra ser feliz. E f
elicidade não mora ao lado, não. Mora mais perto. Mora dentro!

JGA

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Cura

Ei, você aí!
Volta aqui?
Perdoa a minha loucura,
que Ela, 
não tem cura.

Só se perdeu na sua doçura...

Pirei naquelas palavras,
Não faz sentido!
Distância alinhavada, 
não tem partido.

Não é verso e não é prosa,
Só um grito,
da alma
Perverso,

Rosa



-


02/2014

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

O fim, o início e o meio

Então eu disse a Jesse, ou melhor, repeti, uma
coisa que tinha aprendido na universidade:
que a segunda vez que você vê uma coisa é na
verdade a primeira vez. Você precisa saber como a
coisa termina antes de poder apreciar sua beleza
desde o início.”

O clube do Filme, p 50 – David Gilmour


O primeiro olhar; a apresentação através de um conhecido; a abordagem em uma social qualquer. O momento em que dois mundos se encontram é sempre icônico. Pode acontecer de forma mecânica ou até mesmo da pior maneira possível, mas tem sempre um significado peculiar quando relembrado em momentos posteriores. E só em momentos posteriores. É como dizer que não se pode ater a todos os detalhes de uma estrada enquanto motorista. Mas ao refazer o mesmo percurso a pé, o caminho se esclarece e os detalhes aparecem.

Tem-se como certo que o encontro de dois personagens principais de uma história nunca será criado ao acaso. Pois tem um valor intrínseco ao ato, maior que qualquer ouvinte possa imaginar à primeira vista. Roteiristas, romancistas e escritores em geral são quase que obrigados a fazer deste acontecimento algo que dará um rumo ao resto da trama. Há de ser construído, a fim de imitar a grande pluralidade que é a vida real. Fora do mundo imaginário, cada ato tem, por si só, uma carga entrelaçada às emoções e intenções. Se prestarmos atenção, o olhar, tão valorizado (às vezes até disfarçado), sempre di mais do que realmente quer. Significados que só decifraremos por completo em uma conversa sincera sobre o ocorrido; sentimentos à mesa. Para entender toda a espontaneidade envolvida deve-se retomar às expectativas individuais das partes.
Dá-se da mesma forma com a continuação. Se os fins justificam os meios, é depois do fim que as resenhas serão escritas. Poderemos, então, ver a real história pela primeira vez.Os fins, muitas vezes, justificam até mesmo os pontos de partida, tão importantes quanto. Ainda que mistérios sempre existam, o máximo de clareza é alcançado a partir desse ponto.

Até mesmo assistir a um filme pela segunda vez é justificável, ao ponto que a história é contada da mesma forma, mas entendida de forma diferente. Devemos nos acostumar com a ideia de sermos, ao mesmo tempo, atores, diretores, escritores e críticos de uma história pautada por capítulos. Destrinchá-los é a verdadeira questão. Um dever a ser cumprido mais dia menos dia. E se a terra há de nos comer, que sirvamos de um prato cheio, balanceado; Acabado.




05-08-14

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Parece que sempre termina, mas nunca teve fim

        Acho que nunca saberei explicar o que eu sinto por você. Quem vê de fora me chama de louca, dizem que vou sofrer - como se pudessem prever o futuro; julgam que você não presta - como se fossem melhores; atestam que não vai ter futuro - como se eu me preocupasse com outra coisa que não seja o agora.
         Hoje eu posso, enfim, pensar em tudo e rir por horas. Me lembrar de como já fui infantil, infeliz, e achei que a culpa fosse sua, como se a responsabilidade pela minha felicidade coubesse a alguém, que não eu mesma.
         Hoje eu consigo me lembrar de você pensando em coisas boas. Te olhar e acreditar que a cada dia você será melhor e que, por mais que você se perca, saberá seguir em frente. Que a direção na verdade pouco importa, uma vez que já estamos nessa busca por algo que faça sentido a tanto tempo. Só não saberia dizer se pego carona, se tenho coragem de me aventurar outra vez, mas estarei sempre torcendo para que você retorne em segurança.
         Hoje eu puxaria a sua orelha – tipo mãe – por tudo o que você já andou fazendo. Sem dizer necessariamente se é certo ou errado, o que você deveria ter feito, ou o modo de fazer. Te repreenderia, para que soubesse que não está sozinho nessa, nem na outra e muito menos nas próximas. Puxo a orelha com a mesma força em que estendo a mão – estarei sempre com você. 
         Se houve um dia em que eu não soube o que sentia por você, hoje eu digo o que ficou: carinho. É um simples querer te ver bem, onde quer que você esteja. Um querer bem, mais do que querer você pra mim. Ficou um gostar livre, carinho sincero e um sorriso aberto, sempre que eu me lembrar de você. 
         Ao me verem sorrir, eles não entendem por que eu ainda gosto. Mas quem precisa deles pra opinar sobre o que devo sentir? Sinto porque não sei fazer outra coisa senão gostar. Não quero saber detalhadamente da sua vida, opinar sobre suas escolhas ou julgar suas opiniões. Estou aqui pra ouvir e debater, sem nunca dizer se é certo ou errado, bom ou ruim. Mas é fato que sempre haverá um lado e uma escolha que precisamos fazer pra que a vida siga, e só. 
         Quando lembrar de mim, tente sorrir também. Se um dia te perguntarem, diga à eles que eu nunca contei que gostava de você, mas lhe deixei escrito para que nunca esquecesse. Não diga o que sente por mim, eles não compreenderiam. Mas caso sinta algo e não saiba como explicar, me escreva. Eu sim, vou reler e te entender, sempre.

JGA